quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Feliz Dia da Educação das Crianças!
O dia das crianças está chegando, outra data que cada vez mais me parece existir unicamente para fins comerciais. Os canais de televisão começam a passar cada vez mais comerciais de brinquedos, carrinhos que pulam, quebram e se reconstroem, bonecas que choram, mamam e fazem xixi, promessas de diversão e entretenimento, mas... e a educação?
Gostaria muito que o dia das crianças fosse uma data para celebrar as pessoinhas que futuramente serão nossos médicos, professores e autoridades. Mas será que temos mesmo o que celebrar atualmente? Crianças que levam armas na escola (e ultimamente isso não é algo raro), crianças brigando entre si, ameaçando colegas e professores, agredindo verbalmente e fisicamente os professores e desrespeitando os adultos de uma forma geral. Essas crianças agem como se fossem os donos do mundo. Isso me preocupa, pois amanhã elas serão os donos do mundo!
Posso ser um pouco saudosista, mas no meu tempo respeitávamos os professores, as inspetoras (“tias”) e principalmente a diretora (apenas para constar, estudei da 1º a 8º em escola pública). Eu tinha medo dessas pessoas? Não. Eu tinha respeito por elas, pois elas eram firmes, autoritárias, tinham o poder de advertir, suspender e até me reprovar. Eu tinha vergonha de chegar em casa com notas baixas e meus pais ficarem zangados e com certeza eu ficaria de castigo, sem brincar e teria que estudar até dominar o assunto para fazer a recuperação.
Quero deixar bem claro que estarei falando de uma forma geral. As crianças que hoje estudam em escolas públicas não têm a educação que deveriam ter, mas em compensação as crianças que estudam na escola particular não têm os limites que deveriam ter.
As crianças matriculadas nas escolas públicas não têm a educação que deveriam ter, pois são aprovadas automaticamente, bastam ir à escola para – deixe me ver – estudar? Para que estudar? Apenas o fato de estar na escola já garante que estarão aprovadas no ano letivo. Você pode até dizer para a criança que se ele não estudar, não será bom para ela no futuro ou que não conseguirá fazer uma boa faculdade, ou utilizar qualquer outro argumento nesse sentido e ainda dar exemplos. As crianças querem é brincar, aprontar, aproveitar seu tempo com coisas legais (ou ilegais), mas se não temos uma ferramenta de controle, como vamos fazer isso? Como vamos fazer as professoras, inspetoras e diretoras serem respeitadas?
Com meu estudo fundamental em escola publica, não pude entrar em uma escola técnica pública e muito menos em uma faculdade pública. Infelizmente, tive que seguir com meus estudos em colégio e faculdade particulares trabalhando e contando com ajudas dos meus pais, mas pude saber o que é educação e respeito.
Embora eu não possa dizer se isso já acontece ou se vai mesmo acontecer, eu tenho uma preocupação com a qualidade do ensino na rede publica e com o empenho e comprometimento por parte do professores com esses alunos. Afinal, para que se esforçar com alunos desmotivados e ainda correr risco de vida cobrando melhor desempenho dos alunos? Sempre disse que, embora cada uma das profissões tente justificar a sua importância no mundo, a que sempre será a mais importante, indispensável e que deveria ser a mais respeitosa (e bem remunerada) é a do professor.
No caso das escolas particulares, percebo que as crianças não têm muitos limites. Parece que pelo fato dos pais estarem pagando, existe uma “flexibilidade” no tratamento das crianças, talvez para evitar stress dos pais em ter que chamá-los caso estejam aprontando, já que estão pagando para que seus filhos sejam educados. Quais são os limites que essas crianças teriam na vida, se na escola ninguém lhes fala “não”? Ou em sua casa, já que os pais passam o dia todo fora e o pouco tempo que passam juntos não vão lhes negar nada? Como reagirá essa criança em um emprego novo ou em um relacionamento? Como essa criança se comportará em uma família? Os professores nada podem fazer, pois não podem ir contra a instituição que fazem o pagamento (em dia) do seu salário. Essas crianças do ensino particular vão estudar em colégios e universidades públicas consideradas excelentes.
O que é necessário para construir um futuro promissor? A matéria-prima para isso são as crianças e os professores são as ferramentas, mas o que fazer se as crianças estão sendo muito mal educadas e professores cada vez com mais medo de educar? Descarto aqui quaisquer interferências dos pais na baixa qualidade da educação de nossas crianças, porque sempre vão existir pais trabalhando todo o dia, fazendo turno dobrado para sustentar a família, contando com a ajuda de avós para criar seus filhos. É fato que hoje estamos passando por uma crise na educação e a primeira coisa que precisamos fazer para construir um futuro promissor, é acabar com a aprovação automática de ano dos alunos da rede de ensino pública. Depois disso vamos ter a visão real da má qualidade da educação brasileira e ver que temos muitos problemas a resolver. Sabendo da dimensão do problema, teremos que exigir escolas novas, melhores condições nas já existentes, mais professores e melhor remuneração.
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