*** Atenção: este post contem SPOILERS de filmes ***
No final de semana comecei a assistir a um filme com minha esposa. O filme
se chamava
O Poder da Traição
(2009) com Julianne Moore e Liam Neeson. Nos primeiros 10 minutos do filme foi
nítido (pelo menos para mim) como o filme iria se desenrolar até seu fim. Basicamente
a Julianne Moore desconfiava da simpatia do marido Liam Neeson com as mulheres e durante um
jantar em um restaurante acabou conhecendo uma garota de programa, que a mando de Julianne Moore,
iria se insinuar para seu marido. Foi muito previsível que a personagem que
interpretava a garota de programa estava mentindo sobre os encontros com o
marido da Julianne Moore. Tive que tecer meu comentário sobre como tudo soava
muito fantasioso e que era evidente que a garota estava flertando a
Julianne Moore (Isso mesmo!). Claro que ouvi comentários do tipo: "Que absurdo, ela não
esta mentindo sobre o marido da Julianne Moore só para dar ‘uns pegas’ nela!" e ainda "Esse cara não é nenhum santo... ele deve ter feito
coisa errada mesmo!". Não sei se é porque gosto muito de filmes ou já
assisti muitos dos tipos mais variados, e com isso, acabei percebendo que
alguns filmes são mestres em clichês, e esse esta entre os TOPs.
Acabei por apreciar filmes com características imprevisíveis, como o
Bastardos Inglórios (2009)
do Quentin Tarantino - tudo bem que não tem nenhum filme dele com características
previsíveis - que simplesmente joga a história da humanidade no lixo e a recria
como o mundo todo gostaria que tivesse sido. Outro bom exemplo é o
Sexto Sentido (1999) de M.
Night Shyamalan que chamou a atenção para a reviravolta nos últimos minutos da
trama. Ou ainda um filme um pouco mais velhinho, como o
Se7en (1995) que, em minha
opinião, embora o “mocinho” mata o “bandido” no final, este ultimo vence, pois
ele próprio foi conseqüência do que seria o sétimo pecado: Ira. Nessa
perspectiva, o "bandido" vence no final.
Eu acabei tomando como premissa que, quando o “mocinho” se ferra no filme,
este sim é um bom filme. Mas é claro que já me enganei algumas vezes, mas esses
enganos foram poucos comparados aos acertos dos filmes previsíveis.
Pois bem, eu sei que falei um pouco de filmes, mas foi apenas uma introdução
para falar da previsibilidade na vida real. De cara já vou dizendo que eu me
considero uma pessoa previsível, mas até que ponto isso é ruim ou em que
momentos a previsibilidade passa a ser uma qualidade?
Na teoria - e quando eu digo "na teoria" é porque
sabemos de tudo isso, mas aplicar é outra história - tudo não passa de como
colocar os ingredientes na medida certa. A previsibilidade sugere que estejamos
em algo repetitivo, dentro de um padrão de acontecimentos, mas não chega a ser
uma rotina, assim como assistir diversos filmes com o mesmo enredo, porém com
cenários, personagens e histórias diferentes (ou assistir a novela das 8 da
Globo, tanto faz) e isso nos trás uma certa experiência (diria até um poder) para prever como as
coisas vão acontecer. Algumas vezes somos cobrados pelas pessoas e outras
vezes por nós mesmos, em mudar, variar, ou seja, deixar de ser previsível,
deixar o "bandido" vencer no final.
Agora coloco o seguinte ponto: Sou Gerente de Projetos e digo que não há
nada mais perfeito que a previsibilidade dentro de um planejamento de projeto,
executando tudo na mais perfeita harmonia dentro de tudo que foi definido no
plano de cronograma, plano de custo, definição do escopo e qualidade. Mudando
um pouco o cenário, hoje quero ir trabalhar, pegar meu filho na escola, dar
banho nele, tomar um banho, se arrumar, deixar meu filho com os avôs para ir ao
cinema, comprar os ingressos e a pipoca e assistir ao filme. Um programa como
esse tende a ter um final previsível, pois um único fator pode colocar tudo a
perder, e esse fator pode ser o transito, filas longas ou achar uma vaga de
shopping. Seria ótimo se pudéssemos fazer tudo isso conforme planejado, mas é
muito previsível que o transito pode atrapalhar tudo isso ainda mais morando em uma cidade como Jundiaí, Campinas ou São Paulo. Dessa forma, porque
não prever o pior e sair um pouco mais cedo? Porque já não comprar o ingresso antes pela
internet? Com isso eu dou um gancho para o tema do próximo post que gostaria de
falar sobre pessimismo.
Concluindo esse post, queria deixar algumas perguntas para reflexão. Previsibilidade é um mal necessário? Viver sem um mínimo de previsibilidade garante um lugar no hospício? Viver uma vida diferente todos os dias garante a felicidade? É possível viver sem falar aquela maravilhosa frase: "Viu? Eu tinha razão! Como sempre!" ?
Até o próximo post.
Duda